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Transtorno Bipolar: O que é e como tratar

O transtorno bipolar é uma condição psicológica caracterizada por alterações extremas de humor, energia e comportamento. Essas flutuações podem afetar significativamente a vida cotidiana, e as pessoas que vivem com esse transtorno podem alternar entre episódios de mania (ou hipomania) e episódios de depressão. Embora o transtorno bipolar tenha sido amplamente estudado, ainda existem muitos aspectos que podem gerar confusão e até mesmo estigma. Neste artigo, vamos explorar o que é o transtorno bipolar, seus sintomas, diagnóstico e opções de tratamento, com base em fontes reconhecidas como o DSM-5 e especialistas na área.

O que é o Transtorno Bipolar?

O transtorno bipolar, também conhecido como transtorno afetivo bipolar, é uma condição de saúde mental caracterizada por alterações extremas no humor, variando entre episódios de mania ou hipomania e episódios de depressão. Essas mudanças não são reativas ao ambiente, ou seja, não estão diretamente relacionadas a fatores externos como estresse ou dificuldades pessoais.

De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição), existem três tipos principais de transtorno bipolar:

  1. Transtorno Bipolar Tipo I: Caracteriza-se por pelo menos um episódio de mania que dura pelo menos sete dias ou por sintomas maníacos tão graves que exigem hospitalização imediata para evitar danos. A depressão, embora nem sempre presente, também pode ocorrer.
  2. Transtorno Bipolar Tipo II: Neste tipo, a pessoa passa por episódios de depressão majoritária seguidos por episódios de hipomania (uma forma mais leve de mania). Importante: a pessoa com transtorno bipolar tipo II nunca experimenta episódios completos de mania.
  3. Ciclador Rápido: É uma forma do transtorno bipolar onde a pessoa experimenta pelo menos quatro episódios de mania, hipomania ou depressão no período de um ano. Essa variante pode ser mais difícil de controlar.

Sintomas do Transtorno Bipolar

Os sintomas do transtorno bipolar variam conforme o tipo de episódio em que a pessoa se encontra. Durante os episódios maníacos, as pessoas podem apresentar:

  • Aumento de energia ou atividade (muita energia ou impulso, mesmo sem motivo aparente)
  • Fala acelerada e dificuldade em manter o foco (saltando de um tópico para outro)
  • Comportamento impulsivo ou arriscado, como compras impulsivas ou comportamento sexual de risco
  • Sentimentos de grandiosidade, ou acreditar que têm habilidades especiais ou poderes
  • Diminuição da necessidade de sono, mas ainda se sentindo "cheios de energia"

Já nos episódios depressivos, os sintomas incluem:

  • Tristeza profunda ou sensação de desesperança
  • Perda de interesse nas atividades que antes eram prazerosas
  • Cansaço extremo e dificuldade em realizar tarefas diárias
  • Sentimentos de culpa excessiva ou inutilidade
  • Pensamentos suicidas ou tentativas de suicídio
  • Alterações no apetite e no sono (como comer demais ou de menos, ou dormir excessivamente ou insônia)

Diagnóstico do Transtorno Bipolar

O diagnóstico de transtorno bipolar é feito por meio de uma avaliação clínica completa, levando em consideração os sintomas relatados, o histórico médico do paciente, e a observação dos comportamentos durante os episódios. Para garantir um diagnóstico preciso, é fundamental a exclusão de outras condições médicas que possam mimetizar os sintomas, como distúrbios hormonais ou neurológicos.

O DSM-5 define critérios diagnósticos específicos para o transtorno bipolar, levando em conta a duração e a intensidade dos episódios de mania, hipomania e depressão. Importante destacar que o transtorno bipolar é comumente confundido com outras condições, como o transtorno de personalidade limítrofe e o transtorno depressivo maior. Por isso, o diagnóstico realizado por um profissional qualificado é essencial.

Tratamento do Transtorno Bipolar

O tratamento do transtorno bipolar visa estabilizar o humor do paciente e prevenir novos episódios. A abordagem pode envolver medicação, psicoterapia ou ambos, dependendo das necessidades do paciente.

  1. Medicação: Os medicamentos mais comuns incluem:
    • Estabilizadores de humor, como o lítio, que ajudam a controlar os episódios de mania e depressão.
    • Antipsicóticos e antidepressivos, que podem ser prescritos para tratar episódios específicos, mas devem ser usados com cautela, pois podem desencadear episódios maníacos em algumas pessoas.
    • Antiepilépticos, que também são utilizados como estabilizadores de humor.
  2. Psicoterapia: A psicoterapia desempenha um papel importante no tratamento do transtorno bipolar, oferecendo suporte emocional e ajudando o paciente a compreender e lidar com a condição. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens que ajuda o paciente a identificar e modificar padrões de pensamento que podem contribuir para os episódios de mania e depressão. Além disso, a psicoeducação (ensinar sobre o transtorno) e o apoio familiar são componentes importantes do tratamento.

Outras abordagens psicoterapêuticas também podem ser aplicadas de forma eficaz no tratamento do transtorno bipolar, como:

  • Psicanálise: Focada na compreensão do inconsciente e nos conflitos internos que influenciam os comportamentos e emoções do indivíduo. A psicanálise pode ajudar o paciente a identificar padrões de pensamento e comportamento profundamente enraizados, que podem estar relacionados à dinâmica de sua doença.
  • Gestalt-terapia: Trabalha a experiência no momento presente e enfatiza a autorresponsabilidade. Essa abordagem pode ajudar o paciente a se conscientizar das suas emoções e como elas impactam seu comportamento, promovendo maior controle sobre os próprios sentimentos.
  • Abordagem Existencialista: Esta abordagem se concentra no sentido da vida, nas escolhas pessoais e nas dificuldades existenciais do indivíduo. Pode ser especialmente útil para pacientes bipolares que enfrentam questões de identidade, significado e crise existencial durante os episódios depressivos.
  • Terapia Familiar: Como o transtorno bipolar impacta a dinâmica familiar, terapias voltadas para o sistema familiar podem ser essenciais para promover a compreensão e apoio no processo de tratamento. A terapia familiar ajuda a melhorar a comunicação e o apoio entre os membros da família, contribuindo para o bem-estar geral do paciente.

Considerações Finais

O transtorno bipolar é uma condição que exige um tratamento contínuo e eficaz, com uma combinação de medicação e psicoterapia. A identificação precoce dos sintomas e o acompanhamento regular com profissionais de saúde mental são essenciais para o controle dos episódios e para uma boa qualidade de vida. Embora a vida com transtorno bipolar possa ser desafiadora, muitas pessoas com o transtorno conseguem viver de forma estável e produtiva com o tratamento adequado.

Se você ou alguém que você conhece está passando por episódios de humor extremos ou outros sintomas associados ao transtorno bipolar, procure um profissional de saúde mental. O tratamento adequado pode ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Clínica Psicólogo Floripa
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Referências:

  • American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5). 5th ed. Arlington, VA: American Psychiatric Publishing; 2013.
  • Miklowitz, D. J., & Porta, G. (2008). Family-focused treatment for bipolar disorder. The American Journal of Psychiatry, 165(6), 701-709.
  • Goodwin, G. M. (2009). Depression and Bipolar Disorder: A Guide for the Family. Oxford University Press.

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