O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por dificuldades persistentes na comunicação e interação social, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (APA, 2014). Embora o diagnóstico seja mais frequente na infância, hoje sabemos que o TEA acompanha o indivíduo por toda a vida — e, portanto, também se manifesta na velhice.
O TEA segundo o DSM-5
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição (DSM-5) descreve critérios diagnósticos para o TEA que incluem:
- Déficits na comunicação e interação social (dificuldade em compreender nuances sociais, manter relacionamentos, ou adaptar comportamentos a diferentes contextos).
- Padrões restritos e repetitivos de comportamento, como rotinas rígidas, interesses específicos e intensa sensibilidade a estímulos sensoriais (APA, 2014).
Essas características não desaparecem na vida adulta ou na velhice, embora possam se manifestar de forma diferente. Muitos idosos com TEA podem ter aprendido estratégias de adaptação ao longo da vida, mas continuam enfrentando desafios significativos.
Desafios específicos na terceira idade
Envelhecer já traz mudanças naturais no corpo e na mente, e, quando somamos o TEA, alguns pontos merecem destaque:
- Isolamento social: pessoas idosas com TEA podem ter mais dificuldade em manter vínculos, especialmente após aposentadoria ou perda de familiares e amigos (Howlin & Moss, 2012).
- Comorbidades: depressão, ansiedade e dificuldades cognitivas podem ser mais frequentes em idosos autistas (Lever & Geurts, 2016).
- Diagnóstico tardio: muitos indivíduos só recebem o diagnóstico na vida adulta ou até na velhice, o que pode gerar alívio ao explicar dificuldades de longa data, mas também frustração por anos de incompreensão (Happé & Frith, 2020).
Importância do diagnóstico e suporte
O reconhecimento do TEA em idosos é essencial para oferecer apoio adequado. Intervenções podem incluir:
- Psicoterapia adaptada para trabalhar questões emocionais e sociais.
- Treino de habilidades sociais para melhorar a qualidade das interações.
- Orientação familiar para que cuidadores compreendam as particularidades do idoso com TEA.
Além disso, políticas públicas e serviços de saúde devem considerar as necessidades dessa população, que muitas vezes permanece invisível nas estatísticas.
Convivendo com o TEA na velhice
É importante lembrar que pessoas com TEA também podem envelhecer de forma ativa, produtiva e feliz. Reconhecer as características do espectro, buscar diagnóstico e apoio especializado pode contribuir para uma vida com mais qualidade, autonomia e inclusão.
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Referências
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5. ed. Arlington: APA, 2014.
- HOWLIN, P.; MOSS, P. Adults with autism spectrum disorders. The Canadian Journal of Psychiatry, v. 57, n. 5, p. 275–283, 2012.
- LEVER, A. G.; GEURTS, H. M. Psychiatric co-occurring symptoms and disorders in young, middle-aged, and older adults with autism spectrum disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 46, p. 1916–1930, 2016.
- HAPPÉ, F.; FRITH, U. Annual Research Review: Looking back to look forward – changes in the concept of autism and implications for future research. Journal of Child Psychology and Psychiatry, v. 61, n. 3, p. 218–232, 2020.